
Há 20 e tantos anos atrás, Fernando Collor, então presidente do Brasil, disse uma frase que ficou para a história: “Comparados com os carros do mundo desenvolvido, os carros brasileiros são verdadeiras carroças”. Tenho minhas duvidas, mas aparentemente esta realidade mudou para os automóveis. Porém, se olharmos para o mercado brasileiro de bicicletas, parecemos parados no tempo.
Eu não entendia isto, mas depois de muito trocar peças e arrumar a minha primeira bicicleta, descobri: aquelas bicicletas que compramos no supermercado são algo muito próximo do terror, com peças de baixíssima qualidade, componentes que se desregulam só de olhar feio e uma estética de gosto duvidoso.
De modo geral, bicicleta no Brasil tem cara de esportiva e as peças que não servem nem para brinquedos de crianças. É como se todos que comprassem uma bicicleta vivessem em apenas dois grupos: os que não tem dinheiro nem para o ônibus e os que são atletas profissionais. Só que isto está muito longe de ser verdade. Sabemos que tem muita gente que usa a bicicleta como transporte (e deixa o carro na garagem). Muita gente quer uma bicicleta bonita, charmosa e que funcione para a vida.
Como nem tudo é tragédia, recentemente alguns santos perceberam que precisamos e desejamos bicicletas que fechem com o nosso estilo e, veja bem, funcionem. Selecionei os meus modelos favoritos, que ainda custam mais do que deveriam (as bicicletas comercializadas no Brasil tem, em média, 72% de impostos), mas são lindas, urbanas e funcionais: como as que vemos por toda Europa.
1. Flow one 26” // Soul Cycles
A Soul tem me surpreendido positivamente com modelos que vão além do óbvio e grupos (parte mecânica) que não me fazem querer chorar. A Flow é a coisa mais fofa do mundo, tem uma suspensãozinha que dá conforto nas pedaladas e cores que dão vontade de levar todas para a casa. O modelo possui duas versões, uma mais simples e outra mais cheia de mimos. A versão mais simples, com 21 velocidades, é mais do que suficiente para uma vida mais livre e feliz. R$ 1.579,00 / Soul Cycles.
2. Oma Classic // Mobele Bikes
As Mobeles são bicicletas lindíssimas e muito completas: além de virem com bons freios, rodas grandes e pedais de alumínio, ainda contam com um charme extra com protetores de saia e de corrente, descanso (pezinho) e paralamas. Enfim, conta com todos os acessórios para sobreviver na cidade com muita elegância. Possui sete velocidades, o que possibilita enfrentar a maioria das subidas sem grandes problemas. R$ 1.790,00 / Mobele Bikes.

3. Urban Premium // Tito Bikes
A Urban é uma bicicleta muito charmosa. O modelo possui várias cores (mas eu amo a versão branquinha), 21 velocidades, paralamas e bons freios. Gosto da combinação roda 700 + pneus mistos, que dão agilidade e conforto para o modelo. Me preocupo um pouco com a qualidade do grupo, que pode não ser tão resistente quanto deveria. R$ 1.259,00 / Tito Bikes.
Tito Bikes via Georgia
4. Style // Bicicletas Novello
A Novello é uma monomarcha de babar. Linda e simples, vem com uma corrente branca e pneus cremes, que irão causar no trânsito, tamanha boniteza. Possui um uso mais limitado, mas uma manutenção próxima de zero. Também vem com paralamas, protetor de corrente e descanso. O guidão é regulável (o que dá mais conforto) e os freios são de qualidade. Dá para ganhar o prêmio ‘cycle chic’ na cidade. Me incomoda a falta de furação para colocar o bagageiro (garupa). R$ 1.090,00 / Novello Bicicletas.


5. Ísis // Echo Vintage
A Ísis tem a mesma vantagem da Stylo: elas são tão gatas, que se você desistir de pedalar, elas serão excelentes peças decorativas para a casa. Vem com pneus creme, conta com uma cestinha de palha charmosíssima, protetores de corrente e de saia, descanso e paralamas. Possui aro 28 e freio somente dianteiro. Também não possui furação para bagageiro. R$ 1.089,00 / Echo Vintage.



Eu sei, você já está pensando ‘nossa, Naiara, incrível, mas qual delas é boa para mim?’, o que me faz te dizer umas poucas coisas:
Estes modelos são ideais para mim?
Pois é, estes modelos são lindos e dá vontade de ter uma da cada cor, mas não são para todos não. Tudo depende do uso que você irá fazer. Bicicletas como estas, com o guidão alto, quadro baixo e selim ‘confortável’ são excelentes para saídas rápidas, idas ao mercado ou trajetos próximos. Se o seu trajeto não inclui muitas subidas, nem muitos quilômetros, sim, estes modelos podem servir para você.

Agora se você planeja sair para pedaladas mais longas, com terrenos que não são de asfalto ou enfrentar boas subidas, lamento, mas você precisará renunciar um pouco ao estilo e escolher outro tipo de bicicleta.
Você até pode pensar: ‘péra, eu não quero ser atleta, só quero ir para o trabalho de boa’, mas eu te aviso que aí mora o canto da sereia: hoje pode ser que você pense isto, mas existe uma chance imensa de você mudar de ideia em poucos dias. Além do que, existe um mundo de coisas entre querer só ir ao trabalho e virar atleta.
Estes modelos são excelentes portas de entrada para se usar a bicicleta. São confortáveis para pequenos trajetos e nos mostram como o mundo pode ser melhor quando vamos pedalando. Não servem para todos os usos, mas servem para muitos. Uma opção é comprar para testar e ver se você gosta. Caso você queira ir mais além, mais longe, mais rápido, pode comprar outra bicicleta ou garanto que dá para vender uma lindeza destas rapidinho. Existe uma teoria que diz que o número ideal de bicicletas a se ter em casa que é sempre uma a mais do que você já tem (N+1).
Os modelos 1, 2 e 3 possuem marchas, o que facilita na hora de enfrentar subidas. Por isto, demandam de mais cuidados, mas nada exorbitante. Eles também permitem futuros ‘upgrades’ de mecânica (ex: instalar uma transmissão de qualidade superior), o que transformará a magrela em uma suuuuper bicicleta. Já as charmosas opções 4 e 5 possuem uma única velocidade, o que faz com que sejam menos versáteis, mas ganham na simplicidade e manutenção.

Outro ponto a ser levantado, é a falta de furação no bagageiro (4 e 5), que impedem que você coloque uma ‘garupa’. Isto limita a quantidade de coisas que se pode carregar pedalando, porque sem a ‘garupa’, você não tem como usar alforjes ou cestas de plástico. Na hora que você voltar do supermercado com compras, você lembrará disto. Acredito que poder levar as próprias coisas é fundamental para adotar a bicicleta para as tarefas de rotina.
Se você pretende só dar uns passeios por aí e curtir o mundo devagarinho, não tenha medo: estes modelos te farão uma pessoa muito charmosa e feliz.
oi, naiara, é a primeira vez que comento aqui!
eu tenho uma soul flow (amarela, apelidada de “quindim”), bici que amo! o motivo da escolha foi, além da beleza indiscutível, o fato de ter a possibilidade de ter um quadro “menor” (tam.15), pois tenho 1,50m e as bicis “normais” estavam detonando meu joelho. conseguimos colocar cadeirinha nela, para levar meu filho à escola e passearmos por aí. 🙂
Fazia tempo que não entrava aqui… Vim me atualizar hoje hahhaha. Adorei o post e amei essas bikes, da vontade de ter todas!
Beijos
Oiê!
Você falou que não dá pra colocar bagageiro na Ísis, mas na pretinha da foto tem… seria possível adaptar, talvez, mesmo sem furação? Ela é uma graça, acessível, e com essa funcionalidade ficaria ainda mais show…
Nossa, Lu, realmente 😮 Inclusive entrei agora na Echo Vintage e vi que a foto oficial da Isis tem até um bagageiro incluso. Me parece uma ótima opção sim 🙂 Obrigada pelo toque, viu? Beijos!
alguém já comprou a bicicleta da echo vintage? Achei linda, mas vi alguns comentários de que as peças não são de boa qualidade. Agora fiquei com medo.
Tenho uma Flow One (Soul Cycle), uma versão completa da número 1. Comprei enquanto estava morando em a cidade serrana e olha, ela aguenta uma subidinha. É super confortável, ótima pra baixinhas (alo vc de menos de 1,60m) e eu super indico. E claro… ela é chiquérrima!
Vale muito a pena pra quem está procurando custo-benefício.